Talvez você pense que o maior medo de um viajante seja morrer num desastre aéreo, perder o passaporte fora do país ou ter todo seu dinheiro roubado durante a viagem. Muito embora estes sejam medos válidos e concretos acho que nenhum outro medo que enfrentamos se compara a ansiedade que antecede a hora da viagem, nem ao medo que sentimos de perder aquele voo.
Aquele mesmo que você parcelou em 50 vezes para poder realizar o sonho de conhecer um lugar diferente. Você trabalhou o ano inteiro, aturou gente sem noção, escutou morrendo de rir piadinhas sobre sua vida. Tudo isso para chegar no fim do túnel e encontrar suas férias. Não posso falar pelos outros, mas eu mereço as minhas férias. Ahh, as férias!! Sabe aqueles abençoados dias pelos quais você tanto esperou?! Sinto lhe informar meu amigo, mas infelizmente eles vão acabar muito antes do que você gostaria. Mas assim é a vida..
Por isso é importante aproveitar ao máximo a merreca de tempo que você tem. Digo isso em todos os sentidos. Dizem os sábios que a felicidade está na jornada e não no destino. Até concordo, mas não antes de viajar. No dia de viajar a coisa mais importante é não perder o transporte! Seja avião, carona, barco, cruzeiro , carona ou charrete. De que adianta a jornada se a gente não chega no destino?!
Todas as horas que passamos planejando o que fazer, onde comer e o que íamos vestir durante a viagem para sair bem nas fotos se tornaria um tempo desperdiçado. Que se foda a jornada! O que eu quero é chegar no lugar que escolhi e aproveitar as férias. E justamente por conta dessa urgência que sinto de curtir a minha sonhada viagem o maior medo que sinto é de perder o avião.
Não importa com quantas horas de antecedência eu saia de casa. Sempre acho que o ônibus ou o carro que me deixam no aeroporto vão dar zebra. Imagino que o pneu vai furar, que dez caminhões juntos podem provocar um acidente e interditar uma estrada por um dia inteiro ou que meu passaporte pode desaparecer misteriosamente na hora de sair.
A verdade verdadeira é que só vou ficar tranquila quando eu sentar a bunda em frente ao portão de embarque e ter a certeza que ali é o portão certo. Até esse momento chegar meu coração é um mix de sensações. Uma mistura de medo, com empolgação, felicidade e paz de espirito. Nem Freud seria capaz de explicar como alguém pode sentir tantas emoções ao mesmo tempo e ainda assim encontrar paz de espírito.
Você pode me chamar de louca ou exagerada. Mas no fundo eu tenho motivos para ter medo. Nas rodas da vida, eu já sofri acidente de ônibus, outra vez o eixo da roda da van de um serviço de transfer que me levava para o aeroporto quebrou na ida a caminho do aeroporto. Nessa ocasião tudo que eu queria era ter chegado cedo no aeroporto, fazer o check in e despachar as malas sem pressa para depois comer um Spoleto antes de embarcar. O que eu consegui no entanto, foi chegar em cima da hora do limite do aceitável para encarar a fila dos atrasados. Na cidade que eu morava ainda não tinha nenhuma loja da Spoleto e eu fazia questão de comer lá sempre que viajava. Só para sentir como foi frustrante para mim viajar sem comer!
Como se não bastasse, na Grécia eu fui surpreendida por uma greve de marinheiros que nos fez perder o último dia de férias num hotel de frente para o mar. A sorte foi que estávamos voltando com um dia de antecedência da data prevista para o retorno ao Brasil. Depois de uma jornada surpreendente que envolveu muitas lágrimas, um barco ilegal e um canadense abençoado que salvou a pátria; consegui chegar.
Mas observe só a importância da antecedência! Se o pneu furasse e eu tivesse saído em cima da hora o resultado seria mil vezes pior. Se na Grécia eu tivesse programado o retorno para Atenas no mesmo dia da viagem de volta, teríamos levado um prejuízo enorme perdendo o voo para o Brasil. Antecedência é a chave pra vencer o maior medo de um viajante!
As pessoas podem até rir lendo isso aqui agora. Só quem me conhece sabe o quão irônico é eu falar de antecedência. A unica vez na vida que consigo ser pontual é no dia de viajar. E tudo isso por conta do medo que sinto de ficar para trás. Nem vou entrar no mérito sobre o que isso significa nos dias de hoje. Na correria do dia a dia, parece que estamos sempre atrasados com alguma coisa. Parece que, por mais que nos esforcemos para alcançar nossos objetivos, tentando conciliar aquilo que queríamos com o que precisamos, o tempo não espera. Ele é cruel! Mas por mais cruel que o tempo seja, até hoje, sempre consegui chegar onde eu queria.
E isso no fim das contas é o que importa. Persistir e resistir! Os medos existem pra isso. Para te lembrar que certas coisas precisam de atenção. A função dele não é te paralisar, é fazer você reagir. Então reaja! No primeiro obstáculo faça as pazes com sua deusa interior e encontre a força necessária para continuar a jornada e chegar ao seu destino. Seja ele uma roça, uma praia, um hotel cinco estrelas, um país na África ou a sua formatura de medicina.
Bom seria se pudéssemos nos teletransportar ou aparatar como Harry Potter no lugar que a gente bem quisesse. Mas se isso não é possível, talvez seja por um motivo. Talvez a jornada seja realmente importante! Acho que afinal de contas o que importa não é se você compartilha do maior medo de um viajante, mas sim como você lida quando esse maior medo se concretiza.
O maior medo de um viajante é real ou será que estou divagando bobeiras?! Alguma história interessante de férias frustadas por ai?
Compartilha com a gente sua opinião ou uma história de férias frustadas. Conta aí qual é o seu maior medo na hora de viajar.
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