Minha relação com o turismo começou de maneira despretensiosa. O que eu queria no começo era apenas viajar. E viajando fui descobrindo o mundo. Descobri que existem países onde as coisas funcionam, onde as pessoas defendem a sustentabilidade como regra e se preocupam com a educação. Quando dei por mim, um belo dia já estava defendendo a importância de ser um turista responsável.
Adquirir essa consciência, no entanto, foi um processo. Eu não levantei essa bandeira de um dia para o outro. Como a maioria dos mortais, tudo o que eu queria da vida era viajar nas férias para algum lugar diferente. Com o tempo essas viagens começaram a me transformar. Aos poucos eu vi um novo mundo por meio delas. Um mundo onde minhas ações poderiam contribuir para melhor ou para pior de alguma forma.
Percebi que o turismo é uma indústria que exerce papel relevante na economia mundial. Emprega milhares de pessoas, gera renda, e em alguns casos, ele é capaz de sustentar sozinho uma cidade inteira. Mas também pode causar, de forma negativa, diversos impactos ambientais, sociais e culturais na vida das pessoas.
Você já parou para pensar que, como turista, além de viajar, você impacta diretamente ou indiretamente o local onde visita?! Que existem lugares que, se não forem explorados com responsabilidade, podem sumir do mapa?! Provavelmente não né?! Pois o motivo desse post hoje é convidar você a refletir sobre o seu papel como turista. Porque todo mundo, um dia precisa acordar para vida e abrir os olhos para enxergar aquilo que é bastante óbvio né?! Pensando nisso, elaboramos esse passo a passo para você começar a viajar com sustentabilidade de maneira responsável.
1º passo para ser um turista responsável : COMECE A PENSAR
Desde criança sempre amei a natureza e os animais e sempre tive vontade de interagir com eles. Chego a ser meio Felícia, vontade de sair apertando todos os bichinhos que vejo por ai.
Eis que um belo dia resolvi visitar o zoológico de Belo Horizonte, desde criança eu não visitava um. Chegando lá me deparei com uma péssima manutenção, animais vivendo em ambientes muito pequenos e em condições bastante precárias. No entanto, o ápice da minha indignação veio quando eu estava na área dos felinos. Uma criança começou a berrar e bater com um pedaço de madeira numa das grades, na tentativa de acordar um animal (de hábitos noturnos diga-se de passagem). A mãe, para a minha total surpresa, em vez dar uma cutucada no filho e ensinar-lhe boas maneiras, se juntou a batucada. Como se não bastasse ainda ficou reclamando que não tinha pago o ingresso para ver o bicho dormindo. É mole?! Quase chorando de raiva eu fui embora pensando no tanto de gente ignorante que existe no mundo e no quanto eu estava errada sobre os zoológicos.
Pouco tempo depois estive no caribe e eu era louca pra ter aquela foto linda com um golfinho dando beijinho na minha bochecha. Estive num aquário e mais um vez veio a decepção: animais machucados, dilacerados e o golfinho tão bonitinho que posava para as fotos com os turistas tinha pelo corpo vários machucados e cicatrizes. Provas de que o golfinho “feliz” não tinha uma vida tão feliz assim. E foi assim que comecei a perceber o meu papel diante disso tudo. Eu tive a certeza de que não queria de forma alguma contribuir com esse tipo de “turismo”. Parei pra pensar que, se eu realmente amo os animais, é muito mais importante respeitá-los do que ser cúmplice de maus tratos.Pode ser que a ficha ainda não tenha caído para você, e é por isso que escrevo esse post hoje. Você precisa começar a refletir sobre o seu papel e procurar ser um turista responsável já!
2º passo para ser um turista responsável: PESQUISE SOBRE AS ATRAÇÕES QUE TE INTERESSAM
Como eu já mencionei, eu amo os bichos. Dá vontade de pegar, interagir, entender como eles vivem. Acredito que grande parte das pessoas tenham essa mesma vontade. E é por essa vontade que muitas vezes financiamos atrações que não deveriam nem existir. Acredito que a maioria das pessoas que participam disso, são desinformadas e principalmente iludidas por toda a propaganda enganosa acerca da atração. A gente se empolga com aquela foto bacana com um leão, um beijo de um golfinho e não paramos para pensar no que está por trás de todo esse circo.
Não digo que todas as atrações envolvendo animais não sejam éticas, mas a grande parte delas sim. E o único jeito de você descobrir isso é pesquisando. Procure saber se aquela interação com determinado animal é uma atitude sustentável ou apenas um atitude egoísta (para não dizer tosca) da sua parte.
Eu já fiz muita coisa que me arrependo. Já visitei muitos aquários e zoológicos. Fernanda já andou de elefante e já tirou foto com leão. Quando paramos para refletir sobre isso, várias questões morais vieram a tona e decidimos não querer ser parte disso mais. Não estou aqui para dizer o que você deve ou não fazer, porque isso é uma questão bastante complexa. Quero apenas que você tire um momento para refletir sobre esses assuntos.
3º passo para seu um Turista responsável: DESCONFIE SEMPRE DE ATRAÇÕES COM ANIMAIS
Como disse, não é toda atração com animal que seja ruim. Mas como você vai saber ao certo? Seguindo primeiro o passo dois e pesquisando. Hoje em dia o Google sabe de tudo, então em poucos minutos a internet pode tirar suas dúvidas. Mas existem alguns fatores que, se estiverem presentes já são o indício de que alguma coisa não está legal.
Por exemplo, em Cape Town, Fernanda visitou uma praia com vários pinguins, mas eles estavam em seu habitat natural. O santuário foi construído na praia para acompanhamento da espécie. Os bichos não estão presos. Primeiramente observe se o animal está fazendo algo que não é da sua natureza. Passeios de elefante, fotos com leões mansinhos, tigres se alimentando em mamadeiras, golfinhos beijoqueiros, baleias que fazem acrobacias. Todos esses animais, por mais lindos que sejam, são animais selvagens. Logo, se eles estão agindo como seu cachorrinho de estimação com certeza tem algo muito errado aí. Esteja certo que para agirem dessa maneira, foram submetidos a um longo processo de maus tratos, então vai faz sentido você gastar seu dinheiro nesse tipo de atração. Isso faz com que esse tipo de atitude seja lucrativo e por consequência se perpetue.
Observe as condições de vida as quais o animal está submetido, se ele está enjaulado por exemplo. E o mais importante: não caia na conversa fiada de que os animais estariam melhor em cativeiro do que na natureza, ou que ele estão felizes. Mesmo que eles tenham a melhor alimentação do planeta (o que raramente acontece nesses casos) nada é mais importante do que a liberdade. Imagine que você fosse forçado a permanecer para sempre dentro da sua casa com um sistema all inclusive. Você seria feliz?
4º passo para ser um turista responsável: DE PRIORIDADE AO COMÉRCIO LOCAL
Quando estiver viajando, dê preferência ao comércio local para fazer suas compras. Ingressos, artesanatos, souvenir, hotéis. Dessa forma você estará ajudando o desenvolvimento daquele lugar.
Mas cuidado com as pegadinhas! Eu gosto muito de comprar artesanato local quando viajo, sempre achei uma boa forma de contribuir. Pois imaginem a minha decepção quando cheguei em casa e reparei que o meu porta copo super étnico que comprei no Peru era “made in china”. Se eu tivesse prestado um pouquinho mais de atenção na hora, poderia ter comprado de alguém que realmente trabalhou fazendo o produto.
Vamos juntos divulgar a bandeira do turista responsável?!
Nós do Viaje na Web queremos despertar em você o desejo de viajar, queremos que você viaje cada vez mais. Mas queremos também que você faça isso de uma maneira consciente e que comece a refletir sobre o impacto do seu turismo a partir de agora.
Esqueça aquela historinha para boi dormir que a gente para consciência: “se todo mundo faz, do que adianta eu não fazer?”
Saiba que faz diferença sim! Reflita sobre os seus valores e entenda que você é responsável pelas suas atitudes. E o mais importante, pesquise sobre a sua viagem. Se informe sobre determinada atração e a partir daí reflita se vale a pena ou não. Esse é o primeiro passo para entender a importância de ser um turista responsável e viajar com sustentabilidade.
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